Universidade
Pedagógica
Delegação
do Niassa
Departamento
das Ciências Socais
Licenciatura
em Ensino de Geografia com habilitação em Historia
Ficha
da Cadeira de Historia de África – 4º ano.
Nome:
Amâncio da Paz Jaime Namalué Docente: Felix Ernesto Alifa
Bibliografia: FAGE, J.D. A evolução da historiografia da África.
In.: KI-ZERBO, Joseph.(editor) História
Geral da África. Volume I: Metodologia e Pré-história da África.,
Brasilía: UNESCO , 2010.(p. 01-22)
Introdução
O presente trabalho com tema Historiografia Africana e assuas renovações segundo J.D. Fage, reúne
uma serie de abordagem no que diz respeito ao tema em análise. De tal modo que,
partindo do pressuposto que uma historiografia é um conjunto escrito de uma
época e historiografia africana como a história da história de África
remeteu-nos a analisar a historiógrafa africana ao longo dos séculos dividindo
em épocas para sua melhor compreensão. Sendo assim, tivemos como objectivo
geral; Descrever a historiografia africana e como objectivos específicos
analisar e a historiografia africana e identificar as suas fases. Para a
concretização do trabalho, foi possível através de consultas bibliográficas.
Evolução da
historiografia africana segundo J. D. Fage
O conhecimento histórico
acerca do continente africano nem sempre esteve fora dos círculos de escrita e
envolvimento na história, enquanto o norte do continente participou da
história, sendo berço da civilização egípcia antiga, que traz curiosidade e
fascínio, com suas múmias, pirâmides e os hieróglifos. Fazendo parte do
território romano no seu período de expansão, e sendo o meio de comércio entre
o Oriente e a Europa através do mar mediterrâneo, o norte africano se tornou
conhecido através da história Ocidental, enquanto o sul do continente se tornou
“desconhecido”.
Uma das primeiras impressões acerca
do “desconhecimento” do sul do continente, esta na discriminação, primeiro para
com os indivíduos de pele negra, depois com os povos agrafos, assim a sociedade
e a História se encarregaram de não se interessar pela história do continente
africano. Isso fica evidente nas palavras de Hegel, para o qual o Egipto não
era africano, no sentido de não ser uma civilização com indivíduos de pele
negra, e sim um “centro de cultura independente”, “isolado da África”.
No artigo de Fage (2010)
encontram-se possíveis elucidações a respeito dessa problemática, segue abaixo
uma síntese da “evolução da historiografia da África”.
Mesmo Heródoto insere o norte da
África em seus escritos, assim como outros historiadores clássicos e
historiadores islâmicos medievais. Nem mesmo esses demonstraram desinteresse
pela África tropical, porém a falta de comunicação, seja pela escassez de contactos
devido ao deserto do Sahara, seja pela dificuldade da navegação de monções, afectaram
a produção de escritos sobre as demais regiões do continente.
O interesse pela história da África
tropical se intensificou no século XVIII. As discussões acerca da abolição do
instituto da escravidão são fundamentais acerca da recepção dos livros que
traziam em sua temática a história de algumas sociedades africanas. Ademais,
alerta Fage, para o fato de ser nessa época onde “a principal tendência da
cultura europeia começava a considerar de forma cada vez mais desfavorável as
sociedades não-européias e a declarar que elas não possuíam uma história digna
de ser estudada.
Surge aqui uma das bases para a
desvalorização de sociedades não-européias, nas palavras do autor, “resultava
sobretudo da convergência de correntes de pensamento oriundas do Renascimento,
do Iluminismo e da crescente revolução científica e industrial. O resultado foi
que, baseando-se no que era considerado uma herança grecoromana única, os
intelectuais europeus convenceram- se de que os objetivos, os conhecimentos, o
poder e a riqueza de sua sociedade eram tão preponderantes que a civilização
europeia deveria prevalecer sobre todas as demais.
Nesse mesmo período Hegel (1770-1831)
escreve “Filosofia da História”, onde afirma “A África não é um continente
histórico; ela não demonstra nem mudança nem desenvolvimento“ (HEGEL apud FAGE,
2010, p. 08) Essa concepção hegeliana foi agravada pelo advento do darwinismo e
sua aplicação social onde a humanidade é dividida entre “primitivos”,
“bárbaros” e “civilizados”.
Nesse contexto a Europa e sua
sociedade, tornam-se o exemplo de “civilização”, onde o seu progresso
científico e tecnológico seriam o estágio último de todas as sociedades humanas.
Também nesse contexto é que se consolidam as ciências humanas, e
conseqüentemente a história. “O homem era capaz, pelo uso da razão, de
descobrir os mecanismos do universo; compreendia, e podia, pois esperar conduzir
a evolução das sociedades.
Com o desenvolvimento da própria
História, sob influência de uma nova concepção de trabalho do historiador,
a escola alemã1, a actividade científica de historiar devia ser
feita com análise de fontes originais, e obviamente, escritas. Dessa maneira a
história da África se tornou deficiente. Tal concepção foi exposta de forma
muito precisa pelo professor A. P. Newton, em 1923, numa conferência diante da Royal
African Society de Londres, sobre “A África e a pesquisa histórica”. Segundo
ele, a África não possuía “nenhuma história antes da chegada dos europeus. A
história começa quando o homem se põe a escrever”.
Dessa maneira percebe-se a própria
influência das concepções de superioridade além das aplicações pragmáticas, do
dia-a-dia, para a esfera da produção intelectual, principalmente no que diz
respeito a História. Essa adopção do mito da superioridade dos povos de pele
clara sobre os de pele escura era somente uma parte dos preconceitos correntes
na Europa no fim do século XIX e no início do século XX. Os europeus
acreditavam que sua pretensa superioridade sobre os negros africanos estava
confirmada por sua conquista colonial.
Analogamente a instrução europeia
dada aos africanos proporcionou, desde o início do século XIX, principalmente
nas regiões da África ocidental, sobretudo nas que se tornaram colónias
britânicas, escritos sobre a história da África por africanos. Apesar de não
deixarem de existir pesquisas acerca do continente africano com carácter
negativo, surgiram estudos ou obras históricas “isentas de preconceitos
culturais”, escritas por europeus.
A real valorização, ou o advento da
historiografia africana se dá a partir do meado do século XX. “A partir de
1947, a Société Africaine de Culture e sua revista Présence
Africaine empenharam-se na promoção de uma história – da África
descolonizada.”
O crescente número de publicações,
de pesquisas acerca do continente africano, tem relação com o número de
historiadores. Que a partir de 1948, com o surgimento de novas universidades no
continente, fez com que a historiografia da África progressivamente se
assemelha-se a de qualquer parte do mundo.
E possuindo seus problemas específicos, que
correspondem aos problemas encontrados por historiadores em diversas partes do
mundo. A utilização de diversas fontes, “os ganhos da profissão histórica… a
criatividade dos últimos 50 anos, quando revoluções nas metodologias de
pesquisa produziram um ampla e complexa visão da humanidade.
Conclusão
Após terminado o
trabalho, percebemos que a história de África foi por muitos pensadores
ignorados na medida em que viam a África como se fosse um continente sem
história devido a forte presença da oralidade e da ausência de escritos sobre
ela. Outro passo foi dado na historiógrafa africana, quando Malinowski e
Radcliffe Brown começaram a influenciar as obras sobre a África, pois eles
criticavam uma história que não tivesse um lastro de fontes. Essa influência
fez sair algumas obras de cunho mais histórico, como as de Leo Frobernius que
era etnólogo, antropólogo cultural, arqueólogo e historiador camuflado.
Ele publicou inúmeros
trabalhos com os resultados de suas pesquisas, dentre outros pontos ele
encontrou as estatuetas da cidade de Ifé. Ele buscava uma influência etrusca na
cultura africana, inclusive nas estátuas. Fage aponta que obras de Frobernius
praticamente não são lidas e são muito criticadas, mas o autor ressalta que se
faz necessária uma releitura das mesmas, pois elas são repletas de informações.
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