segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Gestão comunitária de recursos florestais


Resumo

A presente Monografia Cientifica tem como tema “Gestão comunitária de recursosflorestais na Floresta comunitária de Burundi, Espécies: nativas”, cujo objetivo central é Conhecer as acções desenvolvidas pela comunidade de Burundi com vista a preservação dos recursos da Floresta Comunitária. Pois que a comunidade local tem uma forte influência sobre o meio que os rodeia, em que ela em colaboração com os líderescomunitárias podem desenvolver diversas actividades de gestão dos recursos florestais. O estudo foi feito por um período de 3 anos, compreendidos entre 2013 a 2015, que o período necessariamente da existência da floresta comunitária de Burundi. Para que os objectivos propostos fossem alcançados, foram usadas como técnicas de recolha de dados a entrevista, o questionário e observação. Como resultados constatou-se que a comunidade local tem desenvolvido diversas acções de preservação dos recursos florestais, com a formação da Associação das Abelhas que foi criada para a gestão da floresta comunitárias tem desenvolvido diversas atividades de sensibilização da comunidade local e os circunvizinhos da floresta comunitária de Burundi. De facto, as florestas são importante meio de desenvolvimento socioeconômico local desde o alvor da humanidade, pois através delas, resultam bens de utilidade directa e indirecta. Podem se destacar: as fontes de energia, habitação, papel, a madeira, as frutas, entre tantos outros bens considerados hoje como indispensáveis. Mas também, podemos apontar ganhos sócias, não muito valorizados como: da herança cultural, valores históricos, valores espirituais, lazer e de estética.

Palavra-Chave: Gestão; comunitária; recursos; florestais; Espécies; nativas.















I – Introdução

O presente trabalho visa abordar da GestãoComunitária de Recursos florestais na Floresta comunitária de Burundi no distrito de Sanga, tem por objetivo Conhecer as acções desenvolvidas pela comunidade de Burundi com vista a preservação dos recursos Florestais, no Distrito de Sanga.
O mesmo este organizado em capítulos que por sua vez encontra-se estruturado da seguinte forma: no primeiro capitulo trata-se dos aspetos introdutoras, no segundo capitulo a descrição da área de estudo, no terceiro capitulo a revisão literária e anotações bibliográficas, no quarto capitulo as metodologias usada para a concretização do trabalho, enquanto no quinto capitulo consta a apresentação, analise, discussão e interpretação dos dados e no sexto capitulo que é o ultimo constam as conclusões e sugestões.
O desmatamento de áreas florestais é um dos principais problemas nos países em desenvolvimento devido à forte dependência da população em relação aos recursos naturais. A degradação das florestas naturais entre outros fatores é considerada como principal responsável pelo aumento significativo dos processos de erosão dos solos, com prejuízos aos recursos hídricos e a evidente redução da biodiversidade.
No entanto de vido esta grande importância que as florestas possuem é de afirmar que o homem e a natureza são indissociáveis, visto que a satisfação das necessidades do homem tem como apoio a utilização destes recursos para vários fins com vista ao desenvolvimento socioeconómico. 









Gestão comunitária de recursos florestais na Floresta comunitária de Burundi, Espécies: nativas, 2013-2015.

Que acções são desenvolvidas pela comunidade com vista a preservar ou conservar a floresta de comunitária de Burundi?

O autor escolheu este tema para desenvolver a pesquisa porque notou que as florestas são muito importantes para o homem, visto que fornecem materiais de construção, alimento, produtos medicinais à maioria da população e são uma fonte de matéria-prima para a indústria madeireira nacional. Nas florestas e outros cobertos vegetais que serealiza a fotossíntese da qual depende a vida: produção do oxigénio a partir do dióxido do carbono. Elas são depositárias de dois quintos de todo o carbono armazenado nos ecossistemas terrestres, sendo considerados como "pulmões do mundo "ou "sumidouros" de carbono". Além da indispensável função fotossintéticas florestas desempenham papeis extremamente relevantes quer a nível ecológico, quer económico e mesmo social. Entre inúmeras funções elas: são fonte de bens como madeiras, combustíveis, alimentos e matérias-primas (ex. resina, celulose, cortiça, frutos bagas,); tem funções de proteger do solo contra e a erosão, do controlo do ciclo e da qualidade da água; concentram a maior parte da biodiversidade terrestre, nomeadamente, de espécies vegetais e animais; tem um elevado valor paisagístico e recreativo. As comunidades têm um papel muito importante no complemento da capacidade das instituições do estado de exercer a fiscalização.
Os anos de pesquisa escolhidos pelo autor vêm porque a preservação daquela floresta e a consagração como floresta comunitária, teve o seu início em 2013, em que antes era uma floresta sem nenhuma proteção.
O problema vem para perceber as acções desenvolvidas pela comunidade para a conservação ou preservação dos recursos florestais, onde nos leva a precação do que deve ser feito nas diferentes comunidades do mundo para preservar as florestas, de preferência com as espécies nativas. Florestas têm sido ameaçadas em todo o mundo, pela degradação incontrolada. Isto acontece por terem seu uso desviado para necessidades crescentes do próprio homem e pela falta de um gerenciamento ambiental adequado. As florestas são o ecossistema mais rico em espécies animais e vegetais. A sua destruição causa erosão dos solos, degradação das áreas de bacias hidrográficas, perdas na vida animal, quando o seu habitat é destruído, os animais morrem e há perda de biodiversidade.
A área em estudo foi escolhida por constituir um dos exemplos de uma prática de comunitária de gestão dos recursos florestais, visto que são poucas comunidades envolvidas em práticas idênticas a nível da província do Niassa. Com tudo a existência de uma floresta comunitária tornou um dos pontos que levaram a perceber as acções desta comunidade para a preservação ou conservação.
O estudo realizado verifica-se que tem relevância social, académica e politica:
A relevância social deste estudo é o de mobilizar a população do mundo sobre a importância de se manter as florestas em seus estados naturais, conservando-as para garantir a manutenção da vida na Terra. A gestão comunitária é considerada a opção de prestação de serviços principal e mais importante nas zonas rurais, embora deva funcionar como um prestador de serviços formal segundo princípios básicos de negócio e empresariais, conservando, todavia, o seu caráter sem fins lucrativos. Logo as praticas realizadas nesta comunidade poderá servir de um exemplo que outras comunidades podem seguir.
As práticas desenvolvidas nesta pesquisa tem relevância para o campo académico, por trazer uma abordagem concreta e uma visão nova acerca do tema.
No âmbito político, a iniciativa por um lado, reforça o papel das autoridades na busca de soluções ambientais de caris global, a partir de acções locais e, por outro, contribuiu no estreitamento de parcerias entre as lideranças no tocante ao ambiente. As autoridades locais passaram a dar importância às questões de gestão ambiental e de mudanças climáticas, combatendo aceradamente atitudes que perigam o ecossistema florestal, as queimadas e punindo os infratores.
Nos últimos anos verifica-se que chamam as companhias florestais de outras regiões, em que realiza-se a monocultura, mas com esta comunidade podemos chegar a entender que podem adotar políticas simples, como de manter as florestas com as espécies nativas.

a)      A comunidade realiza campanhas e palestras com vista a desmotivar o uso desenfreado dos recursos florestais;
b)      A comunidade participa activamente no controlo das florestas em suas zonas de residência através dos fiscais comunitários;
c)      A comunidade realiza quebra fogos com vista a preservar.

Segundo PILETTI (2004: 80),
“O termo objetivo diz respeito a um fim que se pretende atingir, é uma descrição clara dos resultados que desejamos alcançar numa certa atividade". Afirma ainda que a definição clara dos objetivos é de extrema importância em várias áreas de atuação humana, e este podem ser objetivo geral e específicos”.
Geral:
v  Conhecer as acções desenvolvidas pela comunidade de Burundi com vista a preservação dos recursos da Floresta Comunitária.
Específicos:
v  Descrever a área em estudo;
v  Identificar as acções desenvolvidas pelas comunidades com vista a preservar a floresta: campanhas, palestras, contacto interpessoal e quebra fogos;
v  Descrever as acções pela comunidade de Burundi;
v  Identifica os constrangimentos;
v  Sugerir medidas (mitigação,compensação).











II – Aspectos geográficos da área de estudo

Este capítulo apresenta os aspetos geográficos da área de estudo. Entretanto, alguns aspectos descritos neste capítulo podem ser considerados como importantes na percepção do problema. Por exemplo, algumas práticas culturais das populações, aspectos de natureza natural (solos, vegetação, clima e fauna) relacionados com os de natureza humana podem ditar o uso (exploração) e ou a conservação de recursos naturais, podendo considerar-se influentes ou determinantes na percepção do problema em estudo.

2.1 Localização geográfica do Distrito de Sanga

Sanga é um distrito localizado na parte norte da Província do Niassa a 60km da Cidade de Lichinga que é a Capital provincial. A norte o distrito faz fronteira com a Republica da Tanzânia, a sul com o Distrito de Lichinga, a leste com os distritos de Muembe e Mavago e a oeste com o distrito do Lago (Figura.1).
O povoado de Burundi localização a leste do Distrito de sanga a 7km, da Sede do distrital Malulo.
Fig. 1: Mapa de localização da área de estudo
















Fonte: Google

2.2.1 Geomorfologia, clima, hidrografia, solos e vegetaçãoe fauna

O relevo caracterizado no povoado de Burundi é um pequeno planalto com vertentes suaves, também verifica-se alguns pequenos monte como por exemplo o monte Burundi. A região habitada está caracterizada por uma planície.
O clima da região é pelas duas estações bem definidas devido a influência da zona de convergência Intertropical. A estação quente e chuvosa vai de Dezembro a Marco, com Abril como mês de transição e, a estação seca e fria de Maio a Outubro, com o mês de Novembro como de transição.
A região é atravessada por um rio que tem como nascente na Cidade de Lichinga e desagua no Rio Rovuma de um regime permanente. O rio da região é o Lucheringo, e existe uma lagoa da Associação.
De acordo com a observação feita no processo de investigação verificou-se que os tipos de solos são franco-argilo-arenosos, bem drenados e profundos, com condições de humidade favoráveis, associados ao climas sub-húmidos estão em estreita ligação com o relevo.
A vegetação é do tipo densa, com a predominância de árvores de aproximadamente 1 a 4 metros de altura, simplesmente de espécies nativas. Encontra-se animais de caça, pesca e pequenas aves.

2.2.2 População, traçossocioculturais e actividades económicas

O tipo de povoamento que se observa naquela comunidade é o povoamento disperso, visto que as casas encontram-se espalhada pelo espaço rural, e pode se observar machambas a volta das residências, o que leva a crer que este fenómeno esta associado as formas de ocupação dos solos (Figura. 2).As principais actividades económicas são a agricultura, caça e extrativismo.
A agricultura praticada é familiar, de subsistência e há maior dependência das condições naturais que é a precipitação em forma de chuvas, onde essas actividades são realizadas de Dezembro a Março. As principais culturas são o milho, o feijão, o arroz, o amendoim e produtos hortícolas. Para a agricultura comercial destacando-se como cultura de rendimento o tabaco.
A caça naquela região é realizada na época chuvosa nos meses de Novembro a Abril, pela facilidade de seguir as pegadas dos animais. Os animais mais caçado é a gazela e, coelho.
O extrativismo consiste na extração de recursos da natureza os recursos que estão a disposição do homem, sejam esses produtos de origem animal, vegetal ou mineral. Naquela floresta é extraído o mel na época seca principalmente dos meses de Agosto a Novembro, extração do carvão vegetal praticado quase em todo ano, mas com mais com a maior quantidade de exploração vegetal na época seca e extração de recursos faunísticas.
O povoado de Burundi é uma comunidade com quase 99% dos residentes são falantes da língua yao, a maioria deles professam a religião muçulmana e muitos deles são nascidos naquelas terras, crescem ou quase mesmo passam todo tempo das suas vidas naquele povoado sem se mudarem, em que são pouco alfabetizados. A maioria dos jovens tem- se locomovido para frequentar a escola na sede distrital.
Aquela comunidade é liderada por um Regulo, que é o chefe tradicional máximo em que tem seus auxiliares que os de Dunas, seguido de secretários do bairros e chefe das dez (10) casas.
Fig. 2: representação do povoamento disperso de Burundi
Fonte: Autor (2015)







III – Revisão literária e anotações bibliográficas

O presente capítulo é reservado a apresentação da literatura que foi usada na discussão dos resultados.

3.1Revisão Literária

A Gestão comunitária de recursos florestais pode ser definida como sendo o conjunto de acções desenvolvidas pelas comunidades locais com vista a administrar as florestas de modo a conserva-las e a preserva-las.
Esta definição foi extrapolada tomando por base teórica os significados técnicos das palavras que constituem o tema: GestãoComunitária de Recursos Florestais caso da floresta comunitária da localidade de Burundi, definidos separadamente:
1. Porrecurso entende-se como o stock que a natureza oferece em termos de material que os outros seres vivos em geral e os humanos em particular necessitam para sobreviver na superfície da terra. Engloba o trabalho dos seres humanos no processo de transformação dos stocks da natureza em recursos para o seu bem-estar. (LELO e LELO 1994:1011).
2. A floresta é a cobertura vegetal capaz de fornecer madeira ou produtos vegetais, albergar a fauna e exercer um efeito direto ou indireto sobre o solo, clima ou regime hídrico. Recurso florestal é o conjunto de florestas e demais formas de vegetação, incluindo os produtos florestais, a fauna bravia, os troféus e despojos, que tenham ou não sido processados. (Legislação Económica, 2001:167).
Segundo FAO (2004) floresta é área medindo mais de 0,5 ha com árvores maiores que 5 m de altura e cobertura de copa superior a 10%, ou árvores capazes de alcançar estes parâmetros. Isso não inclui terra que está predominantemente sob uso agrícola ou urbano.
3. Gerir significa ato ou efeito de administrar. A Gestão integrada é a administração dos recursos florestas em conjunto com a respetiva fauna, incluindo o controlo e uso desses recursos em conformidade com a legislação e sua regulamentação assegurando a participação efetiva das instituições, comunidades locais, associações e do sector privado. (Legislação Económica, 2001:167).
“Gestão florestal é o uso das florestas e das áreas florestais de uma forma e a um ritmo que mantenham as suas biodiversidade, produtividade, capacidade de regeneração, vitalidade, e o potencial para satisfazer, no presente e no futuro, funções ecológicas, económicas e sociais relevantes aos níveis local, nacional e global, não causando danos a outros ecossistemas”. ENGEL & PARROTA, (2003).
4. Comunidade é o agrupamento de famílias e indivíduos, vivendo numa circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior que visa a salvaguarda de interesses comuns através da proteção de áreas habitacionais, agrícolas sejam cultivadas ou em pousio, florestas, sítios de importância cultural, pastagens, fontes de água, áreas de caça e de expansão. (Legislação Económica, 2001:167).
Segundo FERNANDES (1973:96),Uma comunidade local é um conjunto de pessoas que se organizam sob o mesmo conjunto d normas, geralmente vivem no mesmo local, sob o mesmo governo ou compartilham do mesmo legado cultural e histórico.
Comunidade local e um grupo de pessoas que vivem numa região, com uma organização social própria e uma identidade cultural.
“Comunidade local é um conjunto de interações, comportamentos humanos com significado e expectativas entre os seus membros. Não se trata apenas de uma ação isolada, mas de um conjunto de ações que tem como base a partilha de expectativas, valores, crenças e significados entre os indivíduos” (HALL,2006).
Florestas Públicas Comunitárias são aquelas habitadas ou usadas por comunidades tradicionais, agricultores familiares e assentados da reforma agrária.
5. Referindo-se da importânciaeconómica das florestas, CORREIA, etall (2007), dizem que a produção de bens de utilidade direta tem sido a principal função da floresta desde o alvor da humanidade. As matérias-primas florestais foram trabalhadas e transformadas em energia, habitação, papel, entre tantos outros bens considerados hoje como indispensáveis.
As florestas providenciam diversos produtos lenhosos e não-lenhosos e serviços que contribuem direitamente para a economia das zonas rurais e do país. São diversos os produtos que derivam da exploração da floresta. A madeira e a cortiça são dois importantes produtos. A madeira é um recurso renovável e um dos mais importantes materiais de construção. A madeira retém carbono, é biodegradável, permite uma grande variedade de aplicações e requer pouca energia na manufatura.
A floresta autóctone fornece, igualmente, diversos produtos não-lenhosos, como sejam os cogumelos, frutos, plantas aromáticas, medicinais e mel. Por outro lado, proporciona habitat para diversas espécies com interesse cinegético, desempenhando assim um importante papel no desenvolvimento da caça como actividade económica associada.
É, igualmente, relevante na promoção do turismo e de actividades de recreio e de lazer ligadas com a natureza (ecoturismo). Muitas zonas do nosso território incluem-se em áreas protegidas que possuem uma função primordial de conservação e fomento da floresta autóctone, onde o turismo de natureza tem um papel estratégico para o desenvolvimento económico e social das populações aí residentes.
“Custos de explorações florestais tendem a recair sobre a sociedade, as futuras gerações e, com frequência, sobre as famílias das áreas rurais mais pobres, que frequentemente dependem dos recursos e serviços fornecidos pela floresta para sua segurança e sobrevivência” SILVA (2007).
6. Ao falar da importância ambiental das florestas teve-se como base teórica o IBAMA e outros autores.
As florestas são vitais para a vida do ser humano, devido a muitos fatores, principalmente de ordem climática.
“A administração da floresta para a obtenção de benefícios económicos, sociais e ambientais respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema, objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal”. (BRASIL, 1998).
A maioria das pessoas vê a biodiversidade como um reservatório de produtos que devem ser utilizados para a produção de produtos alimentícios, farmacêuticos e cosméticos. Este conceito de gerenciamento de recursos biológicos provavelmente explica a maior parte do medo de se perderem estes recursos devido a redução da biodiversidade. Entretanto, isso é também a origem de novos conflitos envolvendo a negociação da divisão e apropriação dos recursos naturais.
As florestas purificam o ar que o homem respira, reduzem o aquecimento provocado pelo sol; embelezam as casas, ruas e jardins; previnem e reduzem a erosão de solos e contaminação da água; servem de barreira para os ventos; servem de casa para os animais e de lugar de reprodução de camarão, caranguejo e lagosta de que o Homem se alimenta, por exemplo a floresta de mangal.
De acordo com IBAMA uma estimativa de valor da biodiversidade é uma pré- condição necessária para qualquer discussão sobre a distribuição da riqueza da biodiversidade. Estes valores podem ser divididos entre:
v  Valor intrínsecotodas asespécies são importantes intrinsecamente por uma questão de ética;
v  Valor funcional – cada espécie tem um papel funcional no ecossistema, por exemplo, predadores regulam a população de presa, planta fotossintética participam do balanço do gás carbónico na atmosfera, etc.;
v  Valor de uso direto – muitas espécies são utilizadas diretamente pela sociedade humana, como alimentos ou como matéria-prima para a produção de bens;
v  Valor de uso indiretos – outras espécies é indiretamente utilizado pela sociedade. Por exemplo: criar abelhas em laranjais favorece a polinização das flores de laranja, resultando numa maior produção de frutos;
v  Valor potencial – muitas espécies podem futuramente ter um uso direto, como por exemplo espécies de plantas que possuem princípios ativos a partir dos quais podem ser desenvolvidos medicamentos.
As florestas são principais hospedeiros de uma grande diversidade de espécies da flora, da fauna e da avifauna. A conservação de florestas irá permitir que certas espécies antes desaparecidas por terem imigrado devido a falta de condições naturais para a sua sobrevivência, voltem a povoar os locais outrora degradados.
7. UHLIG foi útil nesta pesquisa. Este autor fala da importância comunitária da floresta ao se referir quepara muitas comunidades, a floresta e essencial para a sobrevivência económica e manutenção da identidade cultural.
“A lenha e utilizada desde as primeiras civilizações para fazer fogo, quando a madeira era abundante e gratuita. As pessoas viviam em pequenas comunidades e apenas no momento em que surgiram as primeiras vilas e pequenas cidades, foi aumentando a necessidade de energia e as florestas começaram a ser exploradas além da sua capacidade de regeneração, o que provocou a falta de madeira em algumas regiões” (UHLIG; 2008).
Existe uma ampla diversidade na organização social e cultural das comunidades que vivem da floresta, bem como na forma de uso dos recursos florestais. Há comunidades indígenas vivendo em florestas nos diferentes biomas moçambicanos.
“Quando os indivíduos de uma espécie (nesse caso, podemos tomar como exemplo as mudas plantadas ou sementes introduzidas numa área em processo de restauração) apresentam base genética estreita, ou seja, pouca variabilidade genética, os mesmos serão certamente mais sensíveis a pragas, doenças e estresses ambientais, tendo menores chances futuras de sobrevivência” (ELLSTRAND & ELLAN, 1993).
As florestas são importantes porque fornecem as frutas para melhorar a dieta alimentar; lenha e carvão para confessional a comida; estacas e cordas para construir as casas; a madeira para fabricar o mobiliário; a matéria-prima para a indústria de papel, cola e objetos de artesanato e ainda as raízes, casca e folhas como medicamentos.
Nas cidades, onde as famílias são principalmente dependentes de lenha ou carvão vegetal para cozinhar, verifica-se frequentemente uma elevada desmatamento local nas áreas circundantes. De facto, quer a lenha quer o carvão vegetal são objeto de uso doméstico através de fogões tradicionais (a que não é alheio o aumento do poder de compra), mas também no sector agrícola e industrial rural para a fabricação de tijolos, processamento de alimentos, secagem do tabaco, entre outros.
As florestas comunitárias, devido à sua importância socio-ambiental, estão a contribuir para o resgate de valores sociais e hábitos de vida perdidos relativamente à conservação das árvores e das florestas. Na vida das comunidades, as florestas voltaram a ter um papel social e cultural preponderante, servem como lugar de recordação dos antepassados, de realização de reuniões, de cultos tradicionais e religiosos.
8. Para se falar do papel das comunidades locais na gestão dos recursos florestais usou-se como base teórica a lei de florestas e o seu Regulamento e BILA (2003). Estes instrumentos reconhecem as comunidades locais como elementos chave no controle da exploração e uso dos recursos florestais em suas zonas de residência. Estes instrumentos legais estabelecem ainda o conceito de cogestão dos recursos florestais, o livre acesso, direito de exploração comercial destes recursos por terceiros.
De acordo com BILA (2003:60), o papel das comunidades locais na fiscalização das florestas inclui:
v  Participar na formação, discussão dos instrumentos legais que orientam a gestão dos recursos florestais e a fiscalização em particular, e outros mecanismos de participação estabelecidos;
v  Através dos fiscais comunitários, participar activamente no controle da exploração florestal nas suas zonas de residência;
v  Denunciar atos ilegais praticados pelos operadores e empresas florestais, tendo em conta que são atoresmais bem posicionados para detetar e alertar sobre o uso inadequado ou ilegal dos recursos;
v  Participar em campanhas de educação, divulgação da legislação do sector assim como na implementação ao nível local de boas práticas de maneio e uso sustentável dos recursos florestais.
v  Aplicar regras tradicionais de gestão e controlo dos recursos, sempre e quando tais regras não sejam conflituantes com a legislação moçambicana;
v  Gerir áreas florestais a si atribuídas ou delegadas, utilizando para tal os princípios do maneio sustentável e da justa partilha de direitos e obrigações entre seus membros.
As florestas comunitárias visa promover e apoiar a conservação e o uso sustentável para que as comunidades residentes em florestas públicas possam maneja-las de forma autónoma.
As comunidades têm um papel muito importante no complemento da capacidade das instituições do Estado de exercer a fiscalização. Por esta razão a nova legislação cria figura do agente comunitário. A experiência indica que os agentes comunitários podem constituir uma altíssima rede de fiscalização, indispensável no controle das actividades ilegais, pelo facto de estarem em toda a parte e pelo facto de conhecerem bem o terreno e a situação geral das áreas em que atuam.
9. Como resposta aos desafios das mudanças climáticas verificadas em todo o mundo, bem como ao crescente registo de práticas nocivas ao ambiente, das quais destacam-se o abate indiscriminado das árvores e as queimadas, que causam a desertificação, há necessidade de criar florestas comunitárias.
A criação das florestas comunitárias insere-se no âmbito das políticas, visando a promoção do desenvolvimento sustentável, tendo como base a educação ambiental, impulsionando uma nova dinâmica na consciencialização das comunidades, com vista à criação de florestas para auto consumo, geração de receitas, emprego e benesses ambientais.
“Para isso, deve-se atentar para o incremento temporal da diversidade de espécies e de formas de vida, das características da regeneração natural, indicadora do funcionamento da comunidade, para a restauração da diversidade genética, do restabelecimento da sucessão ecológica, do papel dos diferentes grupos funcionais de espécies nativas regionais e dos demais processos ecológicos mantenedores dos ecossistemas naturais. Isso tudo deve estar aliado ao isolamento das áreas restauradas e dos remanescentes naturais dos fatores de degradação mais intensos e diretos, como fogo, extrativismo, caça, deposição de sedimentos ou outros materiais, e a eliminação de espécies exóticas invasoras” (KAGEYAMA & GANDARA, 2003, GANDOLFI & RODRIGUES, 2007).
No quadro da implementação, evidencia-se o papel preponderante dos Líderes Comunitários, que foram destacados para dinamizar as acções, mercê do reconhecimento do seu papel e influência na comunidade, mas também pela necessidade de valorizar a sua experiência na organização e liderança.
As comunidades podem profissionalizar e aumentar a sua capacidade se trabalharem em conjunto em organizações horizontais, com base no conceito do auto apoio mútuo.
O objetivo primordial de criação das florestas comunitárias advém da necessidade de reflorestar o país, recuperar as áreas desflorestadas e degradadas em consequência das queimadas, exploração de madeira, abate indiscriminado de árvores, consumo de combustível lenhoso e outros fatores, ao mesmo tempo que se promove a consciência ambiental. Pretende-se incrementar o valor das florestas como uma contribuição para os esforços globais de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, bem como no uso e valorização dos recursos florestais, respondendo ao primado do desenvolvimento sustentável.





IV – Metodologias

Neste capítulo estão apresentados os aspetos metodológicos usados para a realização da presente pesquisa, as técnicas de coleta de dados, matérias usados,o universo e amostra.

4.1 Metodologia

Segundo PILETTI & MARCONI (1991: 102) método é um caminho a seguir para alcançar um fim.

4.1.1 Método indutivo

Segundo MARCONNI & LAKATOS, (1992:110).Método indutivo é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.
Este método consiste em abordagem do particular para o geral, ou seja, de teorias as veracidades, fazendo posteriormente sua análise crítica com vista a verificar a aplicabilidade destas teorias na localidade de Burundi.

4.1.2 Método bibliográfico

Segundo GIL, (1996:48), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos.
Este método foi útil na elaboração da revisão literária deste projeto de pesquisa, buscando o conhecimento de diversos autores acerca do tema desenvolvido.

Segundo KASTRUP (2010: 2),consiste na descrição de fenómenos cartografados ou mapeados. Servindo-se de mapas para localizar os fenómenos ou lugares. O uso deste método ganhou relevo atualmente, nas ciências sociais e em outras áreas do saber.
É a forma de representar os resultados da investigação geográfica mediante mapas, esquemas, diagramas, desenhos, etc. Sem representação gráfica, é impossível um estudo de problemas que estão relacionados com espaço, com o território.

4.1.4 Método Estatístico – Matemático

Este método significa redução de fenómenos sociológicos, políticos e económicos etc, a termos quantitativos e a multiplicação estatísticas que permite comprovar as relações dos fenómenos entre si, e obter generalizações sobre a sua natureza, ocorrência ou significados, (LAKATO & MARCONI, 2001: 91).
Baseia-se na análise dos dados sobre o desenvolvimento das diversas actividades económicas e dos seus ramos. Caracteriza as transformações quantitativas no decorrer do tempo, durante um longo prazo.Com recurso a este métodoquantificou-se o universo e a amostra.

4.2 Técnicas de coleta de dados

v  Observação direta
v  Observação indireta,
v  Inquérito
v  Entrevista
Na coleta de dados o autor da pesquisa usou método de observação direta e entrevista.

4.2.1 Entrevista

Segundo MARCONNI & LAKATOS, (1992:111),a entrevista é uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica, proporcionando ao entrevistador, verbalmente, a informação necessária.
A entrevista será muito importante nesta pesquisa, visto que, o autor buscará o depoimento da comunidade de Burundi aos assuntos que dizem respeito a gestão da Floresta comunitária la existente.

4.2.2 Observação Direta

De acordo com GIL (2003:90), a observação direta ou participante é obtida por meio do contacto direto do pesquisador com o fenómeno observado, para recolher as acções dos atores em seu contexto natural, a partir de sua perspetiva e seus pontos de vista.
A técnica de observação direta é muito fundamental para a investigação em geografia, serviremos para fazer a descrição dos fenómenos que tem acontecido naquele lugar, onde abordaremos uma descrição geográfica.

4.3 Universo e Amostra de abordagem

Ao proceder a coleta de dados o pesquisador teve como grupo alvo principal para o seu estudo, (chefe informal e moradores locais). Constituindo assim o universo populacional.

Tabela 1: Amostras escolhidas para este tema
População
Amostra
Técnica
Chefe informal
1
Entrevista
Moradores locais
29
Inquérito
Fonte: Autor- 2015

4.4 Instrumentos de coleta de dados

v  Máquina fotográfica,
v  GPS,
v  Carta topográfica,
v  O questionário,
v  Guião de entrevista















V – Apresentação, análise e discussão dos dados

O presente capítulo é referente a apresentação dos dados e a análise da gestão comunitária dos recursos florestais. Apresenta os custos e benefícios ambientais e socioculturais para a comunidade de Burundi, decorrentes desta gestão. Portanto, aparece a confirmação das hipóteses da pesquisa sobre a questão levantada: acerca das acções desenvolvidas pela comunidade com vista a preservar ou conservar a floresta de comunitária de Burundi. A apresentação é seguida de um comentário visando analisar os discursos dos sujeitos pesquisados. A técnica adotada para a apresentação dos dados foi a técnica de categorização.

Segundo BARDIN, (apud IVALA, 2002:122) a categorização consiste na classificação de elementos que constituem um conjunto. Essa operação passa pela diferença, seguida do agrupamento dos elementos segundo o género (analogia), com os critérios previamente definidos. De acordo com o autor, as categorias são as rúbricas ou classes que reúnem um grupo de elementos sob um título genérico. Na análise de conteúdo, esses elementos são designados por unidade de registo. O agrupamento é efectuado em função das características comuns dos elementos em causa. O critério de categorização pode ser semântico, agrupamento por temas, sintático, grupos formados por verbos ou adjectivos, léxico, classificação das palavras segundo o seu sentido, com emparelhamento dos sinónimos e dos sentidos próximos. Apresenta dois processos inversos segundo os quais é efectuada a categorização. Um consiste no fornecimento antecipado de sistema de categorias nos quais serão repartidos da melhor maneira possível os elementos, à medida que vão sendo encontrados. Segundo o sistema de categorias não é fornecido antecipadamente, resulta da classificação analógica e progressiva dos elementos.

Para a efectivação da apresentação dos dados optou-se pelas unidades de registo do tema para estudar as motivaçoes de opinioes, de atitudes, de valores, de crencas, de tendencias, etc., às respostas a questões abertas, as entrevistas (não directivas ou mais estruturadas), individuais ou de grupo, de inquérito ou de psicoterapia, os protocolos de testes, as reuniões de grupos, os psicodramas, as comunicações de massa, etc. podem ser, e são frequentemente, analisados tendo o tema por base, como afirma BARDIN apud IVALA, (2002:122).
De acordo com os princípios que acabam de se anunciar, os dados foram agrupados por temas. As categorias em que são integrados os temas não foram difinidos antecipadamente. Foi no processo da pesquisa, e, particularmente nas falas dosentrevistados (populacao da comunidade, lideres comunitarios, medicos tradicionais e populações) e nas respostas às questões colocadas no questionário que surgiram os temas.

Feito o comentário sobre a técnica de categorização, a seguir analisa-se a gestao comunitaria de recursos florestais, o caso da floresta comunitaria de Burundi, Sanga. Entretanto, antes de iniciar a análise do tema, importa tecer algumas observações referentes aos pesquisados.

Das respostas aos entrevistados emergem algumas hipóteses: primeira, a partir dos discursos fica-se com a ideia de que alguns membros da comunidade compreendem os propósitos da criação de uma floresta comunitária e da preservação de espécies florestais, segunda, por meio das suas sugestões, nota-se que alguns deles conhecem as dificuldades que enfrentam e, estão interessados na melhoria das práticas decorrentes e a terceira, algumas respostas dadas podem não corresponder à verdade com que acontece no terreno.
As dúvidas sobre a veracidade das respostas dos respondentes emergem por duas razões fundamentais: primeira, o facto de o pesquisador conhecer como natural do Niassa pode ter provocado desinteresse em responder a questões sabidas pelo autor da pesquisa fazendo com que alguns se abstivessem nas respostas, segunda, todos os inquiridos conheciam o pesquisador como estudante da Universidade por ter levado um credencial da instituição que o identificava, o que pode ter causado complexos de inferioridade ou o receio de ser denunciado (embora o inquérito tivesse um carácter anónimo), e isto fez com que alguns dos inquiridos optassem por não declarar as questões como acontecem no terreno. Com isto, o número previamente estabelecido como potencial para ser entrevistado não foi atingido. Das 30 pessoas previamente estabelecidas foram entrevistadas 26 pessoas.
As observações que acabam de ser feitas não invalidam os resultados da pesquisa, e partindo do princípio de que para perguntas colocadas a um grupo de sujeitos de um processo emergem diferentes falas, denotando várias maneiras de ver o problema, se aceita também que pode existir uma diversidade de interpretações do mesmo problema. A diversidade de interpretação é minimizada pela intervenção dos métodos e técnicas que servem de mediadores entre o pesquisador e o objecto de pesquisa.

A pesquisa identificou duas unidades temáticas onde se enquadram os diversos discursos dos inquiridos, nomeadamente:História da floresta comunitária de Burundi e As acções desenvolvidas pela comunidade com vista a preservação da floresta.

5.1 Históriada Floresta comunitária de Burundi

A Floresta Comunitária de Burundi é composta por espécies nativas. Importante referir que a floresta é composta por arbustos e arbóreas, devido ao seu curto tempo de implementação do programa de preservação daquela floresta ser um pouco mais recente, algumas espécies da flora ainda não se restabeleceram na sua totalidade, mas existe uma área em que é visível a existência de árvores prontas para a exploração dos recursos madeireiros.

5.1.1 Surgimento/criação da floresta comunitária de Burundi

A floresta comunitária de Burundi, Espécies: nativas, é uma floresta que foi consagrada a aquela comunidade no ano de 2013. Antes de ser uma floresta comunitária era uma simples mata sem controlo de nenhuma entidade, onde as pessoas extraiam os recursos de uma forma desenfreada.

Colocada a seguinte questão Como foi criada a florestas comunitárias? Alguns entrevistados responderam Nos anos anteriores a definição daquela floresta como comunitária verificou-se o interesse dos estudantes da UNILURIO por uma especial da flora nativa, em que com o contacto com o Regulo para que lhes permitisse explorar aquelas matas, houve o despertar das pessoas, principalmente dos que faziam suas machambas a redor da floresta, sentiram a necessidade de Criar uma associação que veio a ter a denominação de Associação das Abelhas que tem trabalha em colaboração com a ROADS, para preservação daquela floresta (Rsp.12). Um grupo revelou que as pessoas que faziam machas nas proximidades da floresta é que começaram a preservar a floresta e que tiveram a iniciativa de preservar as espécies florestais (Rsp.14).

Como refere GOMES (s/d), “a recuperação de uma área deve propiciar condições para que ela desenvolva quase todos os processos ecológicos de uma vegetação secundária nativa como: aspectos hidrológicos, erosivos, edáficos, florísticos, abrigos e nichos ecológicos para várias espécies, ciclagem de nutrientes e biodiversidade”.

A floresta Comunitária de Burundi (Figura. 3), passou a ser reconhecida pelo Governo do Distrito de Sanga, somente neste ano de 2015, apesar de ate no momento a associação que se dedica a proteção daquela floresta não ter nenhum estatuto.


Fig.3: Placa de identificação da Floresta comunitária de Burundi
Fonte: autor (2015).
A floresta comunitária de Burundi; Espécie: nativa é uma floresta que tem uma extensão de 45ha é gerida pela comunidade local através da Associação da Abelhas em colaboração com a ROADS (Rede de Organização de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) desde momento da implementação daquela Floresta como uma comunitária em 2013.

5.1.2 Objectivos da criação de uma floresta comunitária

Para perceber as razões que conduziram a comunidade de Burundi a criar uma floresta foi colocada a pergunta Quais os objetivos da criação desta floresta? Desta pergunta emergiram diferentes respostas. Dez pessoas das 26 aplicadas a pergunta responderam que foi criada esta floresta para preservar algumas espécies animais que estavam a desaparecer e para garantir a caca, visto que nas florestas que encontra-se somente o pinheiro não é possível ter diferentes espécies animais (Rsp.10). Outras 5 referiram que a criação da floresta comunitária objetivava o controlo de erosão em algumas áreas da comunidade, assim como garantir um ambiente natural (Rsp.5). Outras 11 referiram que tem por objetivo a sobrevivência da comunidade e manutenção da identidade cultural através das espécies religiosas encontradas naquela mata (Rsp.11).

CORREIA, etall (2007), dizem que a produção de bens de utilidade direta tem sido a principal função da floresta desde o alvor da humanidade. As matérias-primas florestais foram trabalhadas e transformadas em energia, habitação, papel, entre tantos outros bens considerados hoje como indispensáveis.
Conservação dos recursos florestais é um processo em que permite a manutenção de certas espécies de flora e fauna raras, endémicas, em vias de extinção, ou que denunciem declínio, tais como zonas húmidas, dunas, mangais e corais, bem presentes no mesmo ecossistema (GOMES & SOUSA, 1968).
“Para isso, deve-se atentar para o incremento temporal da diversidade de espécies e de formas de vida, das características da regeneração natural, indicadora do funcionamento da comunidade, para a restauração da diversidade genética, do restabelecimento da sucessão ecológica, do papel dos diferentes grupos funcionais de espécies nativas regionais e dos demais processos ecológicos mantenedores dos ecossistemas naturais. Isso tudo deve estar aliado ao isolamento das áreas restauradas e dos remanescentes naturais dos fatores de degradação mais intensos e diretos, como fogo, extrativismo, caça, deposição de sedimentos ou outros materiais, e a eliminação de espécies exóticas invasoras” (KAGEYAMA & GANDARA, 2003, GANDOLFI & RODRIGUES, 2007).
Na verdade as florestas trazem um benefício nos aspetos sociais, económicos, culturais e ambientais. Para as comunidades rurais os recursos florísticos são vitais para a sobrevivência.

5.1.3 Importância comunitária da floresta

Depois de perceber o objectivo que levaram aquela comunidade a criar a floresta, seguia a se questão Qual a relação existente entre a floresta e a comunidade local? Dos entrevistados nos revelaram o seguinte: usamos aquela floresta para coletar alguns recursos que nos ajudam no nosso dia-a-dia, como é o caso do mel, lenha e cordas (Rsp. 9), (Figura.5, no apêndice I). Outras referiram que dentro da floresta é possível caçar gazelas e, coelho que a sua carne é usada para a alimentação das famílias (Rsp.3). Mas algum grupo de entrevistados acrescentaram dizendo que tem uma relação harmónica visto que a partir da preservação é possível ter muitos produtos conservados em que a devido tempo encontrasse muito massuko e cogumelo para a alimentação, assim como para a venda desses produtos (Rsp.7), (figura. 7, no apêndice I).Alguns moradores falaram da importância que a pele dos animais tem para aquela comunidade a pele de animais como da gazela é usada para o fabrico de batuques para a caça e também é usada para esteiras nas residências (Rsp.7).

CORREIA, etall (2007), dizem que “a produção de bens de utilidade direta tem sido a principal função da floresta desde o alvor da humanidade. As matérias-primas florestais foram trabalhadas e transformadas em energia, habitação, papel, entre tantos outros bens considerados hoje como indispensáveis”.
De acordo com a citação a cima, dá para perceber que as florestas sempre foram muito importantes para o ser humano, contudo a comunidade de Burundi, não se encontra distante da relação com a floresta Comunitária, onde tem buscado diversos benefícios, ate mesmo que a população desconhece como é o caso do carbono que é produzido através das plantas, assim como também na produção de micro clima.
Para perceber a importância da floresta na comunidade foi feita a seguinte pergunta: qual e a importância da floresta nativa para a comunidade? Desta pergunta emergiram respostas diferentes em função da actividade desenvolvida por cada respondente. Assim, para os exploradores de carvão, na sua maioria jovens com idades compreendidas entre 15 a 25 anos responderam que a partir daquela floresta conseguimos extrair o carvãoe a madeira para vender (Rsp.11), (figura. 4, no apêndice),outras 6 pessoas que se dedicam a medicina tradicional revelaram a importância das florestas na preservação de plantas medicinais (Rsp.6). Alguns,especificamente os que fazem da floresta o local para colher algumas frutas silvestres indicaram a extração de frutas, de mel e de cogumelos que servem para alimentação familiar (Rsp.5). Outros ainda, os caçadores furtivos, destacaram a caca de gazelas e outros animais cuja carne é consumida e/ou vendida em outras comunidades (Rsp.4).
Referindo-se da importância económica das florestas, CORREIA, etall (2007), dizem que “As florestas providenciam diversos produtos lenhosos e não-lenhosos e serviços que contribuem direitamente para a economia das zonas rurais e do país. São diversos os produtos que derivam da exploração da floresta. A madeira e a cortiça são dois importantes produtos. A madeira é um recurso renovável e um dos mais importantes materiais de construção”.
Na verdade os recursos florestais referindo-me da fauna e flora, são de vital importância para as comunidades rurais, não só para questões económicas, mas também verificamos que a comunidade de Burundi tem aproveitado os recursos florestais menos citados em muitas obras, como o caso do cogumelo que tem melhorado a dieta alimentar de muitas famílias daquela comunidade.
Como este referenciado na localização geografia entre a sede distrital Malulo e o povoado de Burundi que é de 7km, em que a distância para os residentes daquele ponto ser um pouco maior e visto que as pessoas daquele ponto não dispõem de transportes rápidos (Carros e Motos), dispondo de Bicicletas Como fazem em casos de doenças repentinas? Houve a seguinte resposta dentro daquela floresta tem algumas plantas que servem para a medicina tradicional e que tem servido para o tratamento de diversas doenças, como: a bilharziose, dores de cabeça, doenças diarreicas, assim como outros tratamentos que não podem ser encontrados em nenhum hospital (Rsp.26).
Algumas espécies vegetais de grande importância socioeconómica e culturais identificados pela comunidade são descritas na tabela a seguir:

Tabela 2. Espécies florestais de interesse da comunidade e sua importância
Nome local
Função
Ncogomo
As sementes são usadas para jogar bau.
Ntomoni
É usado para extrair gomo para matar pássaros.
Nchenga
Serve para o fabrico de Pilão. 
Nbanga
Serve de suporte das casas, construção de quintais e casas de banho.
Njombo
Extração de cordas, carvão vegetal, combustível lenhoso, colmeia das abelhas e casa de pombos.
Também esta planta tem um valor histórico para aquela comunidade visto que os antepassados usavam as cordas para fazer capulanas e como berço de receber as crianças logo ao nascer.
Massukeiro
As suas frutas chamadas de massuko servem para a alimentação das pessoas assim como para combustível lenhoso e o carvão vegetal.
Massala
Serve para a alimentação através das frutas.
Nculacula
É usado para a pintura dos lábios das senhoras.
Lurondje
Misturado com milho vermelho serve para o tratamento de bilharziose.
Nnungamo
As suas raízes servem para enfeitiçar as mulheres.
Também é usado para ser bem-sucedido nos negócios.
Txingiri
As suas raízes servem para ter melhores cacas.
Txingiri e Sindico
Essas duas espécies florestais, quando misturados servem para minar as casas, para que os feiticeiros não tenham acesso as casas.
Chiunganile
As raízes desta planta ajudam na criação do gado, em que quando aplicado eles procriam e não se esquecem da casa.
Dihindji/Divindji, Ntava e Massukeiro.
A mistura das raízes das duas primeiras espécies florestais com as pontas das folhas do massukeiro quando queimados é um medicamento para dores de barriga (diarreias).
Npengele e Nculacula
Na juncão dessas duas espécies ajudam no futebol 11 e a cura de bilharziose.
Nrolo
Usa-se para invocar espíritos antigos através de uma cerimónia tradicional chamada makeia.
Npembo
Também usa-se para fins religiosos, na invocação dos espíritos dos antepassados através de uma cerimónia tradicional chamada makeia.
Fonte: autor a partir de dados da entrevista (2015)
Estes depoimentos fazem-me lembrar BRASIL, 1998, que considera que as florestas são vitais para a vida do ser humano, devido a muitos fatores, principalmente de ordem climática na medida em que,
“a administração da floresta para a obtenção de benefícios económicos, sociais e ambientais respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema, objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal”. (BRASIL, 1998).

5.2 As acções desenvolvidas pela comunidade com vista a preservação da floresta comunitária

5.2.1 Os gestores da florestacomunitária

A floresta comunitária de Burundi alberga diversas espécies da flora e fauna nativas. Entretanto, para perceber a gestão da floresta pela comunidade colocou-se a pergunta: como e feita a gestão da floresta? Em resposta a esta pergunta, os entrevistados foram unanimes que a preservação da floresta é feita através de algumas acções que a comunidade local tem feito. Existe uma associação que foi criada no âmbito da preservação da floresta que e liderada pelo regulo local. Esta associação desenha um conjunto de actividades serem desenvolvidas pela comunidade, individualmente ou coletivamente (Rsp.26).
De acordo com BILA (2003:60), As florestas comunitárias visa promover e apoiar a conservação e o uso sustentável para que as comunidades residentes em florestas públicas possam maneja-las de forma autónoma”.
Houve unanimidade das respostas colectadas perante a entrevista onde todos os 100% souberam demostrar como é bom ter uma gestão comunitária dos recursos florestais, com a ajuda da liderança local tudo tem sido muito simples. A criação das florestas comunitárias insere-se no âmbito das políticas, visando a promoção do desenvolvimento sustentável, tendo como base a educação ambiental, impulsionando uma nova dinâmica na consciencialização das comunidades, com vista à criação de florestas para auto consumo, geração de receitas, emprego e benesses ambientais.

5.2.2 A Associação das Abelhas

A Associação das Abelhas é uma associação que é liderada pelo Regulo local, no momento conta com um número de 12 membros integrantes e não tem nenhumapoio do governo do Distrito de Sanga. A associação foi fundada com o objetivo de restaurar e preservar as espécies da flora e fauna nativas daquele autentico reservatório natural, que viera a beneficiar todos o populares de Burundi, visto que aos poucos estava a ser destruído aquele ecossistema.
Existe alguma acessória técnica do governo ou de uma outra associação no desenho das actividades por parte da associação das Abelhas?
A associação da Abelhas trabalha em colaboração com a ROADS com vista a ensinar as técnicas e métodos de preservação daquele recurso natural (Rsp.11). No ano da adoção como Floresta comunitária encontrava-se uma área extensa devastada em que houve o empenho da maior parte dos populares daquela região no sentido de restaurar, introduzindo novas espécies do interesse local (Rsp.15)(Figura.9, no apêndice I).
A lei de florestas e o seu Regula “ cria figura do agente comunitário”. A experiência indica que os agentes comunitários podem constituir uma altíssima rede de fiscalização, indispensável no controle das actividades ilegais, pelo facto de estarem em toda a parte e pelo facto de conhecerem bem o terreno e a situação geral das áreas em que atuam.
Para além destes, existem também fiscais comunitários cuja responsabilidade recai na fiscalização das actividades desenvolvidas pelas populações e que podem por em perigo a floresta como queimadas, derrube de árvores e outras práticas consideradas insustentáveis para a floresta.Como é feita a fiscalização da floresta? Houve os seguintes depoimentos a fiscalização é feita através dos membros da comunidade que passam horas guarnecendo a floresta (Rsp. 7), (figura. 6, no apêndice I). Um grupo de entrevistados revelou que são feitas escalas dos guardas que trabalham das 06 as 17 horas todos os dias (Rsp. 13). Para além dos guardas predefinido a sociedade no geral vê-se na obrigação de proteger dos invasores a floresta comunitária (Rsp. 6).
De acordo com BILA (2003:60),Através dos fiscais comunitários, participar ativamente no controle da exploração florestal nas suas zonas de residência.
Na verdade o primeiro grupo de respostas dos entrevistados revelaram a boa pratica de preservação da floresta, indo de acordo com o autor acima citado, mas também não deixaremos de aplaudir as respostas dos dois últimos grupos de respostas visto que é uma forma de proteção da floresta que a comunidade de Burundi adotou e que monstra resultados positivos.

5.2.3 Acções específicas desenvolvidas pela Associação das Abelhas

Para a melhor perceber este assunto foi colocada a seguinte questão Que acções específicas são desenvolvidas pela Associação?Onde se apurou as respostas dos residentes do povoado de Burundi que diz; as acções desenvolvidas pela associação consistem em campanhas, palestras(Rsp 9), contacto interpessoal de sensibilização (Rsp 11) e, consiste de acções práticas de construção de quebra-fogos a volta da floresta comunitária. (Rsp.6).
“… a flora (…) atualmente se acha em constante diminuição, devido principalmente à devastação progressiva pelos cortes incessantes e ruinosos, pelos descuidos com o fogo nas ocasiões das queimas e pela avultada criação de cabras, sem método e numa liberdade desastrosa pela vegetação, sendo esta criação assim um dos maiores impedimentos para uma renovação espontânea das essências arbustivas e arborescentes e, portanto, florestais.” (LÖEFGREN, 1923).
É muito fundamental que a comunidade inteira seja inserida no processo de renovação ecológica, para tal é bom que a comunidade inteira através das associações para a preservação das espécies florestais nativas.
Florestas têm sido ameaçadas em todo o mundo, pela degradação incontrolada. Isto acontece por terem seu uso desviado para necessidades crescentes do próprio homem e pela falta de um gerenciamento ambiental adequado. As florestas são o ecossistema mais rico em espécies animais e vegetais. A sua destruição causa erosão dos solos, degradação das áreas de bacias hidrográficas, perdas na vida animal, quando o seu habitat é destruído, os animais morrem e há perda de biodiversidade.

5.2.3.1 Como são feitas as campanhas? Quais são os instrumentos que são usados na campanha e quais são os temas abordados nestas campanhas?

A partir do entendimento da comunidade local campanha é uma forma de chamada de atenção acerca de um determinado assunto que é de interesse comunitário, a partira da orientação do régulo local e seus agentes (Rsp.10). Outras pessoas campanhas são formas apresentação de soluções de um devido problema que tem afetado a própria comunidade, através de um determinado grupo que seja mais informada sobre um assunto (Rsp.9). O terceiro grupo de respostas referiu que campanha é a definição de estratégias para se atingir Objectivos aos níveis local (Rsp.2). Por último revelaram que campanhas consistem no entoar de algumas cancões com a língua local com objetivo de consciencialização da comunidade acerca de um determinado assunto (Rsp.4).
De acordo com a citação de BILA (2003:60), diz que “Participar em campanhas de educação, divulgação da legislação do sector assim como na implementação ao nível local de boas práticas de maneio e uso sustentável dos recursos florestais”.
O autor citado monstra a necessidade do envolvimento da comunidade no geral para a preservação dos recursos naturais, o que a comunidade de Burundi não se encontra excluída desta bela atividade, mas é de salientar que o quarto grupo das respostas revelaram o uso de recursos disponíveis para se levar a cabo as campanha de sensibilização a proteção da floresta comunitária, onde envolve o entoar os cânticos educativos com a língua local.
A comunidade entende os informes das campanhas realizadas principalmente dos membros da AA (Membros AA).A associação mostrou satisfação na colaboração que tem com a ROADS visto que recebem bicicletas para a realização abrangente das campanhas (ide).

5.2.3.2 Como são feitas as palestras? Que instrumentos usam nas palestras?

Os moradores de Burundi entendem palestras por actividades de consciencialização sobre actividades de proteção da floresta comunitária de Burundi (Rsp.5). Mas também alguns entendem por actividades que são realizadas nas igrejas ou nas mesquitas devido a maior aderência dos residentes a esses lugares onde ocorrem os ensinos de diversos assuntos sociais e ambientais (Rsp.18).Para além das igrejas ou mesquitas as palestras são realizadas nas residências dos componentes dos régulos (ndunas) (Rsp.3). Os ndunas passam pelas capacitações que são dirigidas pelos membros da AA no sentido de também transmitirem aqueles conhecimentos aos residentes das suas áreas de liderança (Membro da AA).
Para a realização das palestras os membros da AA em colaboração com a ROADS tem se beneficiados de uma capacitação e de alguns manuais (Membros da AA).
Para FERREIRA (1986:250), “Uma palestra é uma apresentaçãooral que pretende apresentar informação ou ensinar pessoas a respeito de um assunto”.
O uso de palestras é ummétodo de ensino. A palestra estabelece uma comunicação em apenas uma direção (a palestrante  > audiência), cabendo aos ouvintes uma participação reflexiva. Para tal a palestra é uma boa forma de estabelecer um ensinamento as comunidades rurais, principalmente quando os envolvidos são os próprios membros da comunidade. Com tudo é de acreditar que,os membrosda comunidade de Burundi, principalmente os da Associação das Abelhas tem desenvolvido uma actividade de ensinamento muito importante para a preservação dos recursos florestais. As palestras ajudam para a aquisição de conceitos simples, na divulgação de produtos, na introdução de um tema procurando desta forma despertar o interesse da plateia para o assunto e por fim para promover linhas de orientação para a realização de tarefas.

5.2.3.3 Contacto interpessoal

Os contactos interpessoais são feitos com os residentes locais e assim como as pessoas que passam perto da região florestal param o ensinamento acerca da importância da preservação daquela floresta (Rsp.10). Outros entrevistados disseram que o contacto interpessoal é um vínculo favorável entre membros da associação e as pessoas da comunidade (Rsp.6). O terceiro grupo revelou que é realizado com o contacto com as pessoas que passam a redor da floresta (Rsp.4).
Esta atividade tem coletado frutos muito positivos por lado da comunidade e assim como os agentes da AA visto que tem acatado os ensinamentos e tem colaborado muito na preservação (Rsp.6).
Para HERSEY & BLANCHARD (1986), “A comunicação interpessoal é um método de comunicação que promove a troca de informações entre duas ou mais pessoas”.
O sucesso na comunicação não depende só da forma como a mensagem é transmitida, a compreensão dela é factor fundamental, lembre-se que vivemos em sociedade de cultura diversificada, por isso devido ao conhecimento do comportamento, traços culturais, ou seja, a realidade dos residentes estes tipos de contactos podem ser muito favoráveis para a preservação ou conservação da floresta comunitária de Burundi.

5.2.3.3 Construção de quebra-fogos

Construção de quebra-fogos é um processo que consiste na limpeza das extremidades das florestas para que não haja invasão do fogo das queimadas descontroladas (Rsp.15). No entendimento de outrogrupo de entrevistados quebra fogos é um caminho feito nas pontas das florestas no tempo seco, para que não haja invasões de fogos das queimadas feitas nas machambas próximas do sítio da preservação da floresta comunitária (Rsp.11).
Para a parte do material para a construção para a construção de quebra-fogos direcionada a questão aos Membros da AA Quais são os materiais que são usados para a construção de quebra-fogos? Houve satisfação na resposta deles onde diziam que a ROADS tem disponibilizado materiais aos membros da associação como as Enxadas, botas, ancinhos, catanas e capineiras (Membros da AA).Os quebra-fogos também são feitos por meio de corte de capim em volta da floresta (Rsp.16).
Pelos trabalhos realizados com vista a preservação da Floresta Comunitária de Burundi; Espécies: Nativas, tem havido muitos sucessos visto que desde 2013 que a AA tem trabalhado com a comunidade local, assim como as comunidades circunvizinhas nunca houveram invasões de fogos (Membros da AA). É de referir que a ROADS tem muito ajudado nos diversos materiais para o sucesso da atividade de preservação daquela floresta (Rsp.10).
De acordo com SILVA(2007), “O combate aos fogos é também essencial, pois estes são uma importante causa de desflorestamento”.
Das várias experiências e observações têm sido feitas no sentido de se poder prever com exatidão o grau de risco dos incêndios florestais. Todos os efeitos da actividade humana que provocam a degradação do ecossistema da vida na Terra. Com tudo a ação desenvolvida pela comunidade que vem a prevenir a questão de destruição florestal partir de invasão do fogo, é muito positivo em que vai em concordância com a obra que foi citada, mas é de salientar que o contacto com aquelas pessoas revelou-nos das metodologia usadas para poder evitar as queimadas descontroladas nas área de conservação florestal usando os recursos locais.

5.2.4 Constrangimento das acções desenvolvidas para a preservação daquela floresta

Perante a realização das diversas actividades de preservação daquela floresta tem constatado algumas dificuldades a nível social e dos recursos. Os membros da AA revelaram que na realização das palestas, campanhas e contactos interpessoal, há dificuldade no que diz respeito a material de áudio como funis de ampliação da voz, cartazes, assim como as bicicletas não são suficientes para a abrangência de diversos locais (Membros da AA.). Mas também alguns moradores falaram quehá pessoas tem invadido sem o consentimento do Regulo, derrubando algumas árvores, assim como para efetuar as cacas (Rsp.26).
Nas palestras e campanhas sempre procura-se deixar as mais fortes impressões emocionais possíveis para que os ouvintes se disponham a querer crer, agir e mudar suas atitudes negativas. Mas também o mais importante é deque para se desenvolver as diversas actividades que são desenvolvidas pela Associação das Abelhas em colaboração com a Comunidade local, com vista a preservação da floresta comunitária de Burundi, precisa de vários materiais sem contar da capacitação dos agentes comunitários.
É natural que durante o desenvolvimento das actividades, principalmente quando se trata dos recursos florestais, que são de vital importância para a humanidade que não faltem algumas dificuldades quando se trata na conservação, visto que, alguns membros se destacam em ser invasores.









VI- Conclusões e Sugestões

Este é o último capítulo/ultima parte do trabalho, na qual são apresentados os aspectos constatados e são sugeridas algumas medidas para incentivar a participação das comunidades com vista a se engajar na gestão dos recursos florestais.

6.1 Conclusão

O trabalho reportou acerca das acções desenvolvidas pela comunidade de Burundi com vista a preservar ou conservar a floresta comunitária de Espécies nativas. Entretanto, da análise feita dos dados obtidos acerca da Gestão comunitária de recursos florestais na Floresta comunitária de Burundi; Espécies: nativas, chegou-se às seguintes constatações:

O período em análise recorrente a preservação das espécies nativas dos recursos florestais, onde envolve a fauna e a flora, veio a trazer muitos benefícios ao ambiente natural, assim como aos aspetos sociais da comunidade de Burundi, com a existência de diversas espécies florestais de interesse comunitária.
A floresta Comunitária de Burundi; Espécies: nativa, foi criada pela comunidade local, atualmente gerida através da Associação da Abelhas, actualmente conta com três (3) anos de existência, foi criada com objetivo de garantir espécies da fauna e flora de interesse da comunidade por perto, assim como para a protecção do ambiente físico e natural.
As características do meio físico de Burundi como do clima tropical húmido, da presença da geomorfologia de pequenos planaltos, planícies, de montes e do próprio tipo de solo são favoráveis para o desenvolvimento de diversas espécies florestais, garantindo assim também a diversidade da fauna naquele lugar.
No que diz respeito a importância socio económica da floresta comunitária de Burundi tem providenciado diversos produtos lenhosos e não-lenhosos e serviços que contribuem direitamente para a economia daquela comunidade em particular e do Distrito de Sanga no geral. A floresta nativa é de grande importância para as populações. Providencia às populações vários recursos, entre os quais, a lenha e carvão, o material de construção, raízes e plantas medicinais, cogumelos, produtos de caça e a pratica agrícola.

No que concerne a preservação da floreta, é feita através da Associação das Abelha e comunidade em geral, que tem desenvolvido várias políticas e técnicas com vista a garantir o uso sustentável dos recursos florestais em preservação. Em que se tem desenvolvido diversa actividades, de encorajamento a preservação e desencorajamento ao uso desenfreado daquele recurso.
As comunidades têm um papel muito importante no complemento da capacidade das instituições do Estado de exercer a fiscalização. Por esta razão a nova legislação cria figura do agente comunitário. A experiência indica que os agentes comunitários podem constituir uma altíssima rede de fiscalização, indispensável no controle das actividades ilegais, pelo facto de estarem em toda a parte e pelo facto de conhecerem bem o terreno e a situação geral das áreas em que atuam.

À luz da constatação de que a criação da floresta comunitária de Burundi e as acções desenvolvidas pela comunidade com vista a preservar esta floresta se enquadram nas práticas sustentáveis de uso e conservação de recursos naturais sugere-se o fortalecimento das práticas comunitárias de preservação das florestas. Para tal é necessário que:
v  A Associação das Abelhas seja formalizada com vista a ser reconhecida pelo governo local, provincial e/ou mesmo central;
v  Os governose ONGsestejam envolvidos nas acções desenvolvidas pela comunidade. Isto passa necessariamente pela criação de incentivos para as comunidades como por exemplo, oferecendo material para as palestras ou campanhas, instrumentos de trabalho como enxadas, catanas, ancinhos, cilachaspara abertura de quebra-fogos, promovendo campanhas de plantio de plantas exóticas.
v  As práticas desenvolvidas pela comunidade de Burundi são exemplos de práticas sustentáveis de uso de recursos naturais e devem ser expandidas para outras comunidades. Isto pode ser feito pelas autoridades governamentais, pelas instituições de ensino e pesquisa, ONGs e por todos os que se preocupam e ou se interessam com a preservação dos recursos naturais, especialmente os florísticos e/ou faunísticos;
v  Os líderes comunitários locais devem incentivar mais os membros da comunidade para mais envolvimento nas acções de uso e conservação dos recursos florísticos e faunísticos desencorajando práticas insustentáveis como queimadas descontroladas, desflorestamentos e caça furtiva.






























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